domingo, 10 de setembro de 2017

Setembro Policial - Um Passeio no Jardim da Vingança

Um Passeio no Jardim da Vingança, é um livro de ficção policial. Uma trama repleta de suspense e que faz o leitor "viajar" no mais profundo da mente humana.

Daniel Nonohay
Páginas: 301
Ano: 2016
Editora: Novo Século
Sinopse: 
As grandes cidades convivem com a divisão entre as “zonas vigiadas” e suas periferias. O uso de drogas e medicamentos é disseminado, sendo controlado por laboratórios. Implantes cibernéticos são uma realidade, aumentando capacidades e aptidões, como a de memória, para aqueles que conseguem arcar com os custos. Religiões e grupos terroristas alimentam-se do descontentamento e das diferenças sociais.

Venha acompanhar a história de Ramiro, um advogado que perdeu o prazer de viver. Depois de quase ser morto, tenta retomar a rotina profissional e dar sentido ao que restou da sua vida. Em litígio com os sócios do escritório, parte como caçador em busca de uma vingança que o acabará transformando em caça.

Perseguido, doente e sem recursos, a sobrevivência de Ramiro dependerá da sua capacidade de improvisação, do seu conhecimento de sistemas de dados e das aptidões adquiridas com dois implantes cerebrais, que lhe permitem acesso à “rede” e aumentam a sua memória.

Um Passeio no Jardim da Vingança é um suspense denso, com personagens marcantes e amorais, que dão à narrativa múltiplos pontos de vista e linhas cronológicas, e onde a ficção científica é um pano de fundo para uma história na qual o personagem principal é a natureza humana.
Um cenário futurístico onde a tecnologia se torna parte do corpo humano, através de "neurochips" que são implantados no cérebro e que permitem que o implantado tenha uma capacidade de armazenamento de memória evoluído, um infinito banco de dados como uma espécie de "nuvem", onde ficam registradas todas as memórias e ainda possibilita o acesso à rede. Porém essa aptidão é privilégio dos que possuem dinheiro suficiente para arcar com os custos.
O protagonista Ramiro, um advogado que abriu mão de seus ideais em troca de um futuro estável, vive uma vida amarga, onde a rotina de trabalhar em algo que não lhe trás satisfação pessoal, um casamento de conveniência onde não existe  sentimento e nem respeito mútuo, e o uso desenfreado de medicamentos e drogas, algo comum em toda a classe social mais abastada, o faz viver sem um sentido verdadeiro de existência.
Porém ele só vem a se dar conta disso, ao sofrer um "choque" de realidade. depois de sobreviver a um ataque terrorista.
Depois de algum tempo em coma induzido, para a realização de vários procedimentos, Ramiro acorda e começa a avaliar tudo o que aconteceu, e também a espécie de vida que tem e o tipo de homem que se tornou.
E ao tentar realizar as mudanças necessárias para ocupar o cargo que antes almejara, descobre que seus sócios guardam segredos obscuros e ao acessar a rede de dados através de seu implante, encontra provas que podem mudar a vida das pessoas mais poderosas da sociedade, e ao tomar posse desses arquivos, transforma-se no alvo mais procurado e que precisa urgentemente ser destruído, antes que a verdade venha a tona.
"O sistema era pouquíssimo suscetível a falhas. Conseguia inclusive, alertar o administrador em caso de alterações de marcadores fora do padrão, como no caso de estresse excessivo. O usuário poderia estar com algum problema de saúde, com a capacidade de discernimento comprometida ou estar sendo forçado ao acesso por outra pessoa, por exemplo.(...)"
Para Ramiro só existe uma saída: Destruir todos aqueles que o procuram, então dá-se início à uma rede de planos de vinganças.
Daniel Nonohay nos mostra uma sociedade obscura, onde a sede pelo poder, é capaz de destruir vidas inocentes e a divisão de classes, de grupos religiosos, tudo isso é cenário do "Passeio no Jardim da Vingança".
O autor escreve com uma propriedade incrível sobre o cenário jurídico, afinal é seu ambiente de trabalho. E isso faz com que o leitor se prenda na escrita detalhista e por vezes custa discernir a ficção da realidade. Afinal a conjuntura política atual em que vivemos, está repleta de ganância, crimes, corrupção em massa... onde um "fio partido", faz com que toda uma teia  venha se desintegrando e um encandeamento de "anti-heróis", faça com que todos eles em determinados momentos deixem de ser coadjuvantes para se tornarem protagonistas... Sim! Digo isso na ficção em "Um passeio no jardim da vingança" e também (e infelizmente), em nossa realidade social, em nosso país.

Um livro nacional, digno de estar entre os "tops", que possui uma trama envolvente, nos fazendo questionar sobre o uso da tecnologia não só em um futuro distante, mas na nossa atualidade, e em como ela pode se afetada de forma benéfica ou maleficamente... Será que apesar de não nos colocarmos diariamente diante de máquinas, ligados a algum dispositivo, buscando uma "realidade virtual", já não vivemos alienados? 

Quanto à edição... Eu fiquei super curiosa em realizar a leitura desde o primeiro momento que vi a capa (fiquei feliz por não me decepcionar hahaha), as páginas são amareladas e não encontrei erros ortográficos.

Daniel Nonohay - Nasceu em 1973 e mora em Porto Alegre. É casado e pai de duas filhas. Juiz do trabalho, escreveu o seu primeiro romance à mão, em dois cadernos pautados, quando tinha 17 anos. É autor de artigos técnicos, na área do Direito, e políticos que foram publicados em livros, jornais e sites. Organizou livros de coletâneas. É colorado. Atuou como professor e é pós-graduado em Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito Previdenciário. Foi Presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho do Rio Grande do Sul. Atualmente, aproveita cada segundo livre para escrever, a sua grande paixão (depois, é claro, das “suas mulheres”).

Para conhecer mais sobre o autor e seu trabalho:

Por: Mércia Machado
  

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